Pra quê serve a extensão universitária na engenharia química?

Numa semana dessas, uma caloura me mandou uma mensagem para falar sobre projeto de extensão. Havíamos recebido um e-mail da universidade falando sobre essa atividade naqueles dias, e talvez por essa razão, ela quis saber minha opinião sobre essa experiência. 

Eu fazia parte do grêmio estudantil quando ela entrou no curso, fui eu quem apresentei a ideia de extensão para a turma dela. E, já naquela época, era visível que nem eu, nem eles, tínhamos muita noção para debater esse assunto. 

De fato, os exemplos de trajetória mais acessíveis dentre meus colegas de EQ são muito parecidos, e não passam por muitos projetos desse tipo. Por conseguinte, o espaço da extensão se torna muito nebuloso e tira muito a confiança de quem considera tentar caminhos diferentes. Até porque, para quê mexer em time que está ganhando? 



Estudante não identificado com uma série de livros grossos carregados por uma alça.
(Imagem de Steve Buissinne por Pixabay)

Bom, pelo menos para essa pergunta eu tenho uma resposta (mesmo que ruim). Mexemos para que o time se atualize e continue a ganhar. Principalmente diante do mercado de trabalho exigente em que a engenharia química está inserida. 

Entretanto, para isso é necessário planejamento e maturidade, o que muitas vezes nós não temos. É pensando nesse tipo de situação que decidi expandir essa conversa nessa postagem. O objetivo aqui é tentar trazer uma noção melhor de para quê serve a extensão universitária na engenharia química e como ela pode acrescentar muito à formação dos discentes durante a faculdade. 

Quem sabe dessa forma, eu não consigo contribuir para que alguém, que esteja com insegurança nesse tema, passe a se sentir motivado a dar mais um passo nessa direção. 

Em primeiro lugar, o que é extensão?

Segundo a UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), a extensão universitária é a ação da instituição de ensino junto à comunidade. Desse modo, o conhecimento adquirido por meio do ensino e da pesquisa dentro da universidade é compartilhado com o público externo. 

Esse processo não ocorre de forma desgovernada. Ele é movido pela articulação do conhecimento científico com as necessidades da população sob o objetivo de promover uma interação socialmente transformadora.

Assim, a extensão universitária pode ser entendida como mais uma forma das instituições de ensino contribuírem com a sociedade. Isso ocorre, muitas vezes, em relacionamentos que unem o desenvolvimento profissional dos alunos com a prestação de serviços para o público. 

De maneira que a extensão represente, em vários casos, uma oportunidade de se aproximar da realidade extra-campi. Dessa forma, os alunos podem compreender demandas de determinados grupos sob a ótica de um conjunto de áreas do conhecimento.

Por que participar de um projeto de extensão?

A extensão, comumente, é uma atividade mais prática. Logo, as vantagens de se participar de um projeto do tipo se multiplicam. As possíveis interações com a população impulsionam o desenvolvimento de habilidades interpessoais e o amadurecimento da formação ética do estudante. 

Pontos esses muito importantes se você tiver em mente as atribuições do engenheiro químico brasileiro. Ademais, muitos projetos podem promover imersões muito mais aprofundadas nos assuntos estudados em sala de aula, beneficiando a formação técnica de seus participantes.

Um outro aspecto é a questão curricular. É comum que o aluno de graduação não tenha experiências relacionadas à sua área de estudo para ocupar seu currículo. Por isso, a extensão pode ser um ponto de partida para que outras portas sejam abertas na trajetória profissional do graduando. Afinal, o mercado de trabalho reconhece e valoriza esse tipo de atividade. 

Além disso, um projeto de extensão alinhado promove um contato mais intenso com a profissão, tornando as razões para cursar engenharia química do indivíduo mais verificáveis. O que motiva mais os estudantes e, consequentemente, favorece melhores aproveitamentos na faculdade.

Okay, mas… existe projeto de extensão universitária na engenharia química?

Mas é claro! A extensão é, por si só, um pilar muito diversificado das universidades e não seria diferente com a engenharia química. Se você está com dificuldade de visualizar a amplitude desse campo, não tem problema. Abaixo eu cito algumas inciativas em faculdades brasileiras para que você  possa ter uma ideia do que é que estamos falando:

ENGENHARIA QUÍMICA NA ESCOLA: projeto da Univiçosa voltado para a promoção de atividades práticas com alunos do terceiro ano de escolas selecionadas da rede pública de educação.

ESCOLA PILOTO DE ENGENHARIA QUÍMICA: projeto da UFPR, consiste numa equipe de alunos e professores orientadores, com o objetivo de promover a evolução pessoal e técnica da comunidade envolvida com a engenharia química. Isso acontece com o fomento de ações educacionais, como a ministração de cursos e a preparação de material didático sobre temas técnicos que complementam a graduação.

CONSULTORIA: projetos geralmente executados a partir das empresas juniores, que possuem como objetivo prestar serviços à sociedade em assuntos relacionados à área. Na engenharia química, principalmente, é uma forma de ofercer consultoria de qualidade a empresas de menor porte — apesar do atendimento não ser exclusivo destas.

ENGENHARIA QUÍMICA E A SOCIEDADE: programa de rádio voltado para a divulgação e popularização da engenharia química. É veiculado pela emissora Uni FM, emissora pública da UFSM.

PET: programa do governo federal que mantém grupos de educação tutorial em cursos de graduação de universidades de todo o Brasil. Tendo como princípio a indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão, fornece aos alunos participantes uma série de atividades extracurriculares sob a orientação de um tutor.

Mas isso não é tudo. Esses são apenas alguns exemplos de extensões ligadas diretamente a departamentos de engenharia química de nossas faculdades. A verdade é que há várias outras atividades multidisciplinares promovidas pelas instituições de ensino que possuem poder enorme de complementar a formação do engenheiro químico no Brasil. 

Inclusive, é bom ressaltar que você, como estudante, também pode ser embaixador de projetos de extensão na sua faculdade. Por conseguinte, se há alguma iniciativa da qual gostaria de fazer parte, ou até mesmo se possui uma ideia original que pode contribuir para o seu curso; pesquise, estruture um plano e procure seus professores para conversar sobre isso. Afinal, você não precisa esperar o diploma para encabeçar movimentos que melhoram a vida de quem está ao seu redor. 

Conclusão

A extensão pode ser a iniciadora da vida profissional de muitos estudantes. Ela abre espaços no mercado de trabalho, valorizando o graduando, e amplia o conhecimento construído em sala de aula. A aproximação com a comunidade é uma oportunidade de fortalecer a formação ética do futuro profissional e de desenvolver suas habilidades interpessoais. 

Além disso, é um dos melhores caminhos para que, principalmente durante os semestres iniciais do curso, se conheça mais da profissão escolhida. Portanto, se você está na dúvida se deve se dedicar a alguma atividade extracurricular, não deixe de considerar a extensão. Certamente, ela contribuirá bastante para que você se torne uma engenheira ou engenheiro muito mais preparado no futuro.

Por fim, sua universidade possui algum projeto de extensão que você julga relevante? Gostaria de contar sua experiência pra gente? Uma das nossas primeiras discussões nessa direção já está disponível no EQrenca. Caso tenha interesse em participar também, envie um e-mail para eqrenca@gmail.com,  quem sabe você não aparece numa das nossas próximas postagens!

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