O plano B: as extensões e a EQ.

Você já se perguntou o que faria se tivesse um plano B? O que você faria, logo no início da graduação, se pudesse mudar de curso? 

Provavelmente, essas dúvidas são comuns a muitos estudantes da EQ durante a faculdade. Afinal, a engenharia química é um tópico bem distante da maioria dos vestibulandos, o que faz com que, frequentemente, ela se torne uma aposta nebulosa daqueles que a escolhem.

Para Guilherme Fior, estudante da EQ UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), essa escolha também foi… ‘complicada’. Mas felizmente ele encontrou nas extensões universitárias uma oportunidade de conhecer melhor o curso. 

Por essa razão, continuando o debate sobre extensões aqui no blog, eu gostaria de compartilhar um pouco do que ele me contou sobre as atividades extracurriculares que tem participado na faculdade e sobre como elas agregaram para ele e podem agregar para todos nós.

Mesa com notebook, chá ao fundo e mãos masculinas digitando. No pulso esquerdo, um relógio.
(Imagem de StartupStockPhotos por Pixabay)
 

Decisões

Antes de qualquer coisa, acho importante ressaltar que a engenharia química não era a primeira opção do Guilherme. Ele queria fazer Engenharia de Controle e Automação na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), situada em Belo Horizonte, cidade em que ele morava em seus tempos de vestibular. 

Ele foi aprovado para esse curso, mas seu ingresso só ocorreria no segundo semestre. Diante disso, optou por ir a Campinas dar uma chance à engenharia química, já que na UNICAMP havia sido aprovado para o início do ano na EQ.

Vocês ainda se lembram de como vocês eram quando calouros? Eu tenho vagas memórias da minha época. Quando penso nela, ainda posso sentir o clima das provas de vestibular se dissipando lentamente, à medida que a empolgação de iniciar uma nova etapa se acende e se mistura com todas as dúvidas que surgem quando se está em um território novo. 

É estranho, mas é mais ou menos desse jeito que eu imagino o Guilherme quando retorno às palavras dele, dizendo que seu início na faculdade, sem saber ainda exatamente o que queria, o deixou perdido.

De fato, a confusão dele deve ter sido grande porque ele realmente tinha um plano B. Ele poderia voltar para a sua cidade, para um lugar mais familiar, e fazer a graduação que ele queria. Porém, alguma coisa em seus seis primeiros meses, o manteve na EQ. E é sobre isso que quero falar a seguir.

A empresa júnior

A PROPEQ é uma empresa júnior (EJ) que atua há quase 30 anos com o apoio da Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP. O Guilherme entrou para a membresia dessa EJ ainda no seu primeiro semestre, oficialmente na área comercial, mas ele teve contato com muitas outras coisas lá. E isso foi um dos pontos determinantes para que ele optasse por continuar o curso depois do primeiro período.

Sobre o tempo que passou na instituição ele tem muita coisa interessante para contar. Como ficou na área de vendas, ele pôde conversar com muitas pessoas da indústria. Tanto é que um dos episódios que mais o marcou foi a vez em que ele foi fazer uma venda numa fábrica de pequeno porte de poliuretano. O negócio não deu certo, mas o fato de ter ido até lá conhecer e ter conversado por umas duas ou três horas com profissionais ligados ao setor fez muita diferença para ele enquanto estudante.

Além desse contato mais íntimo com o mercado, ele aprendeu muito na PROPEQ. Ali, foi possível desenvolver habilidades corporativas e relacionar as áreas que compõem o todo de uma empresa com a engenharia química. Estando em vendas — e posteriormente também em projetos — ele pôde ver como áreas como marketing, comercial e administração se relacionam com a EQ e de como ter noções desses assuntos pode agregar bastante aos profissionais da engenharia.

Mas isso não é tudo, as gestões rápidas de atividades como as empresas juniores não só abrem muito espaço para que universitários desempenhem funções que dificilmente teriam em outro local — gerir equipes, por exemplo — como também são impulsionadoras do amadurecimento de soft skills cada vez mais relevantes na indústria. E quando essas atividades possuem um propósito alinhado com seus valores pessoais, elas se tornam ainda mais especiais.

A impressão que eu tive do Guilherme é que o fato de ele ter visto valor, do ponto de vista social, no que ele estava fazendo fez muita diferença para a experiência dele. Em sua visão, por estudar em uma estatal, existe uma obrigação de se usar o conhecimento adquirido na universidade a favor das indústrias de pequeno e médio porte brasileiras.

E pelo visto, é isso que ele tem feito na EJ. Ele conta que um dos projetos da Propeq ajudou um cliente, que queria desenvolver um caldo de cana, a realizar o sonho de abrir uma empresa. Provando que dá pra ter uma experiência dentro da engenharia química, prévia ao estágio, que beneficie outras pessoas e a si mesmo também. A partir daqui, ele viveu muitas outras oportunidades.

A SEQ

Na opinião do Guilherme, todo estudante deveria ter a experiência de congressista da SEQ. Seu contato com o evento começou no início da graduação, motivado por um amigo da faculdade que antes de entrar na universidade já participava da semana acadêmica. Fior diz que o evento abre a mente dos estudantes e que sempre é lembrado pelos demais alunos com muito carinho.

Neste ano, o Guilherme entrou para a equipe organizadora. Ele fala que em março, quando as paralisações devido a pandemia começaram a ocorrer, eles já tinham 5 meses de trabalho. Diferente de outras semanas acadêmicas, como da UFSCar, da Unesp, da UFMG, e várias outras, que optaram por realizar o evento de forma totalmente online este ano; a SEQ Unicamp preferiu não bater esse martelo ainda, com o objetivo de realizar uma versão presencial em momentos futuros e melhores.

Mas isso não quer dizer que eles têm se mantido ausentes. Recentemente, a SEQ UNICAMP entregou uma campanha online chamada EQ x Covid 19, que mostra como a engenharia química atua na pandemia. A campanha é composta por uma série de lives gratuitas realizadas no canal do evento no youtube.

Sobre a experiência na organização, Fior destaca que na EQ nós aprendemos a aprender. Por isso, os alunos conseguem fazer funcionar muitos projetos relevantes ainda que sem muita estrutura. Uma coisa que ele desenvolve com a SEQ é o pensamento de longo prazo, até porque, a semana acadêmica é literalmente uma ideia — que deve ser inovadora em relação às concepções anteriores — que você e seus colegas organizadores precisam tirar do papel.

Esse tipo de responsabilidade não é fácil de se achar por aí. E é certo que ela não só contribui muito para o crescimento pessoal, como também para abrir espaços para os próximos passos que todos nós almejamos dar em nossas trajetórias profissionais.

Daqui pra frente 

No fim da conversa, que diga-se de passagem, foi ótima; o Guilherme me disse que tem como objetivo se envolver em alguma atividade interdisciplinar. Ele teve uma experiência prévia no Enactus, em que pôde participar em projetos com cunho social ao lado de estudantes de diversos cursos, o que abre a mente de uma forma totalmente nova enquanto se está na graduação.

Quando perguntei para ele qual conselho ele daria para outros estudantes da EQ. Ele me disse algo mais ou menos como: 

“saia da zona de conforto, saia da bolha que a graduação inconscientemente te coloca e tente ter essas experiências fora da graduação. Sempre vai ter alguma coisa que você vai achar que combina mais com você, mas às vezes pode demorar para achar essa coisa.”

Apesar de ele ter repetido algumas vezes que talvez não fosse a melhor pessoa para dar conselhos, da minha parte pessoal (como alguém que também não é indicada para dar conselhos), essa também é a mensagem que eu gostaria de passar com esse texto.

Se eu tivesse um plano B quando caloura, eu provavelmente teria mudado de curso. Mas penso que isso só ocorreria porque eu não conheci o curso no meu primeiro período da mesma maneira que o Guilherme conheceu em seu primeiro semestre. Portanto, aqui fica o incentivo para que todos nós busquemos as nossas experiências dentro de nossas realidades. E nisso, nossos colegas e professores podem fazer muita diferença.

Agradecimentos:

A Guilherme Fior não só por seu apoio ao projeto, como também por toda a sua disposição em contribuir e compartilhar o seu tempo e suas ideias com o EQrenca.

Participações:

Caso você também queira compartilhar sua experiência, é só fazer contato que teremos o maior prazer em ouvir você!

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