Como foi me graduar em engenharia química?

Na graduação, acredito que os dois grandes momentos que marcam a experiência da maioria dos estudantes são o início e o fim. No começo, há um certo entusiasmo, trata-se de um novo curso, de um passo significativo na construção de uma trajetória profissional que apresenta-se cheia de possibilidades. No final, a animação ainda está lá, mas por diferentes motivos. Eu concluí o meu bacharelado nas últimas semanas e gostaria de compartilhar um pouco sobre essa experiência com o público deste blog.

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A escolha

Você já se perguntou sobre qual o processo adequado para se escolher uma profissão? Uma escolha tão complexa deveria ser facilitada por alguma metodologia que permitisse visualizar melhor cada possibilidade e cada consequência das escolhas feitas. De fato, se você fizer uma rápida pesquisa na internet, vai encontrar diversas postagens, listas e até curso na Udemy sobre o assunto.

Quando eu escolhi engenharia química, eu não usei nenhuma dessas fontes. Eu me apeguei a uma noção vaga de pequenas vontades que hoje eu nem sei se algum dia foram reais. Não pesquisei profundamente a profissão. Matemática, física e química não eram as minhas três disciplinas favoritas.

Ainda assim, eu achei que a minha ideia sobre a engenharia química poderia dar certo. Portanto, comecei a falar que essa seria a minha escolha no segundo ano do ensino médio e mantive esse pensamento por tempo suficiente para ir à faculdade.

A graduação

Cursar engenharia química pode muito bem significar superar inseguranças. A falta de confiança acadêmica nos coloca em lugares muito difíceis de sair, às vezes.

Na primeira vez que eu falhei terrivelmente em termodinâmica física, as notas foram divulgadas para toda a turma com os nomes dos alunos. Aquilo me gerou um embaraço que tornou difícil retornar para a disciplina e me tirou a vontade de tentar novamente no próximo semestre. Eu queria dar tempo para que meu professor esquecesse a mim e meu fiasco — o que não funcionou, diga-se de passagem. E isso inevitavelmente contribuiu para mais um atraso da minha formatura.

Em algum ponto, no meio do curso, tive uma apresentação de trabalho que foi um completo fracasso. Nunca fui a mais segura oradora em qualquer lugar que eu fosse, mas aquela apresentação ficou na minha memória. Tinha algo na expressão das pessoas — e no tempo excedido — que me dizia que eu estava fazendo aquilo pior do que todo mundo (mesmo que eu não tenha prestado atenção em como meus colegas cumpriram aquela mesma tarefa).

E claro, também sofri com os estágios. Eu vivi crises de real desesperança em relação à minha capacidade de me formar devido ao fato de acreditar que eu não conseguiria um estágio. No fim das contas, eu consegui dois, e aprendi muito neles.

Nos últimos períodos do curso, depois de muitas frustrações e conquistas, eu era claramente uma pessoa muito mais capacitada e eficiente do que jamais fora. Dessa forma, eu me graduei.

O amanhã

Placa com setas apontando para diferentes direções, todas elas indicando "learning" (uma chance de aprendizado) para cada direção possível
(Imagem de Gerd Altmann por Pixabay)


Uma vez que a faculdade é concluída, as demandas da vida adulta se tornam inevitáveis. O tempo que a universidade exigia passa a ser ocupado por diferentes versões da realidade.

Eu tive o privilégio de só precisar me atentar para essas questões no final do curso, mas eu sei que para muitas pessoas as responsabilidades sempre estiveram lá, antes mesmo que elas começassem a se graduar.

Agora, eu me vejo diante de outra escolha. A engenharia química abre tantas possibilidades, e às vezes, essas possibilidades não se enquadram no que a gente chama de “dentro da área” ou dentro das nossas próprias expectativas.

Depois de anos na universidade, todas as dúvidas e inseguranças voltaram para mostrar que ainda não entendo o processo de escolher uma profissão. Isso é ameaçador, mas estou tentando me manter positiva.

Afinal, eu me graduei. Já tive que me superar bastante para conseguir aquela declaração de conclusão de curso — o diploma ainda não está pronto. Acredito, portanto, que eu possa vencer a mim mesma algumas vezes mais na construção dessa carreira, que eu ainda não sei como vai ser.


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