O mestrado é praticamente obrigatório para quem tem interesse na carreira acadêmica. Durante essa etapa, o profissional aprende sobre as nuances e técnicas envolvidas na produção científica enquanto desenvolve a sua própria pesquisa.
Sendo o principal responsável pelos resultados obtidos, o aluno de mestrado é exposto a diversas situações em que precisa solucionar problemas complexos e gerir recursos de forma otimizada. Neste contexto, as metodologias de gestão de projetos podem ser úteis para facilitar a tomada de decisões e o controle da pesquisa a fim de obter dissertações e artigos científicos de maior qualidade.
Por isso, este texto abordará a gestão de projetos no mestrado. Aqui serão abordadas as similaridades entre pesquisa e projetos e alguns dos fundamentos que podem ser aplicados tanto para facilitar o seu trabalho, quanto para te tornar um profissional de engenharia química mais completo nessa fase da sua carreira.
Antes de mais nada, é necessário entender do que se trata um projeto. De acordo com o PMI (Project Management Institute), um projeto é um esforço temporário realizado a fim de criar produtos, serviços ou resultados exclusivos.
Este esforço se manifesta a partir de uma série de tarefas e atividades a partir das quais é possível alcançar o resultado desejado. Assim, a um projeto está associado um prazo, recursos (humanos e materiais) e stakeholders (a direção da sua empresa, patrocinadores, colaboradores etc.).
Como o produto almejado é diferenciado, usualmente este não pode ser obtido a partir de rotinas e soluções já bem estabelecidas no mercado. Por conseguinte, as equipes de projetos precisam lidar com várias incertezas durante o desenvolvimento do trabalho, que nem sempre leva ao atingimento de suas metas iniciais. Para isso, além do planejamento, a gestão dos riscos, dos recursos, e a comunicação ao longo dos projetos são muito importantes.
Semelhantemente, a pesquisa de mestrado também objetiva obter resultados exclusivos dentro de um tempo determinado. Para isso, é necessário definir o escopo das pesquisas, avaliar os recursos disponíveis (tempo, dinheiro, equipamentos, espaços etc), para a definição de uma metodologia a ser aplicada com o apoio e o feedback de stakeholders como o orientador e a banca avaliadora, por exemplo.
Durante todo esse processo, é preciso ser adaptável e gerir adequadamente as etapas da pesquisa que, cercada por incertezas, nem sempre alcança os resultados planejados. Por isso, o planejamento, a gestão de riscos, o cronograma e a comunicação (especialmente com o orientador) são muito relevantes para a sua pesquisa, assim como são em projetos.
Normalmente, gerenciar um projeto envolve lidar com restrições. Fatores como o tempo, o escopo e o custo das atividades a serem desenvolvidas podem impactar bastante o desenvolvimento do trabalho. Esses desafios também estão presentes na pesquisa, por isso, é relevante conhecermos alguns conceitos:
a) Escopo: trata-se do que deve ser efetivamente entregue pelos trabalhos desenvolvidos na forma de um serviço, produto, inovação ou resultado. O escopo delimita o que deve ser feito ao longo do ciclo de vida do projeto.
b) Planejamento: neste processo, define-se metas e como elas serão atingidas. Considerações sobre tempo e disponibilidade de recursos precisam ser feitas dentro da realidade em que o projeto está inserido.
c) Gestão de Riscos: em um projeto, nem sempre as coisas ocorrem conforme planejado. Especialmente no início, quando ainda não se conhece tanto daquilo que será desenvolvido, há uma quantidade enorme de incertezas em relação ao cronograma, às atividades, aos custos, dentre vários outros possíveis eventos que podem influenciar positivamente ou negativamente o desenvolvimento do projeto. A gestão de riscos envolve, portanto, os processos voltados para a mitigação dos impactos negativos e a potencialização dos impactos positivos dos riscos em um projeto.
d) Gestão de Partes Interessadas: na gestão de partes interessadas há um cuidado com as pessoas que podem impactar e ser impactadas pelo trabalho. Nesse sentido, é importante analisar a perspectiva e a interação dessas pessoas com o projeto, a fim de garantir que o engajamento delas com o projeto é adequada. A partir do contexto e nível de influência de cada parte interessada, é possível traçar planos de ação e comunicação diferentes para envolver essas pessoas no projeto.
Muitos desses processos envolvem decisões que são também determinantes para o sucesso de uma pesquisa de mestrado. No primeiro ano de estudo, o aluno de pós-graduação revisa a bibliografia disponível e define tema, objetivo geral e objetivos específicos que ajudam a delimitar o escopo da sua pesquisa.
Depois, ele deve planejar como pretende alcançar os resultados pretendidos. Para isso, ele propõe uma metodologia, um cronograma e avalia os recursos que serão necessários para executar essas atividades.
Nessa etapa, é importante levar em consideração os riscos da pesquisa, ou seja, como o desenrolar das atividades planejadas pode ser afetado por eventos incertos que possam ocorrer durante a execução. Por exemplo, nas universidades públicas as compras são feitas por meio de licitações. Portanto, se a pesquisa precisará da compra de insumos por meio de dinheiro público, é necessário levar em consideração não somente o tempo de licitação, mas os riscos de atraso desse processo que não depende do aluno de mestrado.
Em seguida, essas decisões são resumidas em uma proposta que será avaliada por uma banca na etapa de qualificação. Esta banca, assim como o professor orientador e a banca avaliadora da pesquisa ao final do curso são exemplos de partes interessadas da pesquisa.
A gestão dessas partes interessadas, que envolve a identificação (ou escolha, no caso específico do mestrado) de cada um deles, e o engajamento (especialmente do orientador) durante os desenvolvimentos são muito importantes para a maximização das chances de sucesso do projeto.
Por isso, o conhecimento de ferramentas pode ser muito útil para acadêmicos. Aplicativos como Trello e o Excel podem ser muito úteis no seu planejamento. Você pode querer ler sobre o Diagrama de Gantt e utilizá-lo para acompanhar o seu cronograma, identificando tarefas, dependências e marcos críticos da sua pesquisa. Também pode utilizar o Bizagi para criar seus fluxogramas e até mesmo avaliar a utilidade de uma EAP (Estrutura Analítica do Projeto) na apresentação do escopo do seu trabalho para o seu orientador ou banca avaliadora.
O mestrado é uma etapa desafiadora que demanda muita iniciativa e maturidade dos alunos de pós-graduação. Nesse contexto, a aplicação de ideias da gestão de projetos pode ser muito útil para a melhor organização e monitoramento da pesquisa a ser desenvolvida.
As ferramentas de projetos podem ser úteis para melhorar a qualidade do trabalho realizado. Além disso, elas podem facilitar a comunicação e apresentação da pesquisa nas etapas cruciais como a qualificação e a defesa.
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Sendo o principal responsável pelos resultados obtidos, o aluno de mestrado é exposto a diversas situações em que precisa solucionar problemas complexos e gerir recursos de forma otimizada. Neste contexto, as metodologias de gestão de projetos podem ser úteis para facilitar a tomada de decisões e o controle da pesquisa a fim de obter dissertações e artigos científicos de maior qualidade.
Por isso, este texto abordará a gestão de projetos no mestrado. Aqui serão abordadas as similaridades entre pesquisa e projetos e alguns dos fundamentos que podem ser aplicados tanto para facilitar o seu trabalho, quanto para te tornar um profissional de engenharia química mais completo nessa fase da sua carreira.
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(Imagem de Craig Clark por Pixabay) |
Por que enxergar a pesquisa como um projeto?
Antes de mais nada, é necessário entender do que se trata um projeto. De acordo com o PMI (Project Management Institute), um projeto é um esforço temporário realizado a fim de criar produtos, serviços ou resultados exclusivos.
Este esforço se manifesta a partir de uma série de tarefas e atividades a partir das quais é possível alcançar o resultado desejado. Assim, a um projeto está associado um prazo, recursos (humanos e materiais) e stakeholders (a direção da sua empresa, patrocinadores, colaboradores etc.).
Como o produto almejado é diferenciado, usualmente este não pode ser obtido a partir de rotinas e soluções já bem estabelecidas no mercado. Por conseguinte, as equipes de projetos precisam lidar com várias incertezas durante o desenvolvimento do trabalho, que nem sempre leva ao atingimento de suas metas iniciais. Para isso, além do planejamento, a gestão dos riscos, dos recursos, e a comunicação ao longo dos projetos são muito importantes.
Semelhantemente, a pesquisa de mestrado também objetiva obter resultados exclusivos dentro de um tempo determinado. Para isso, é necessário definir o escopo das pesquisas, avaliar os recursos disponíveis (tempo, dinheiro, equipamentos, espaços etc), para a definição de uma metodologia a ser aplicada com o apoio e o feedback de stakeholders como o orientador e a banca avaliadora, por exemplo.
Durante todo esse processo, é preciso ser adaptável e gerir adequadamente as etapas da pesquisa que, cercada por incertezas, nem sempre alcança os resultados planejados. Por isso, o planejamento, a gestão de riscos, o cronograma e a comunicação (especialmente com o orientador) são muito relevantes para a sua pesquisa, assim como são em projetos.
Fundamentos Aplicáveis à Pesquisa
Normalmente, gerenciar um projeto envolve lidar com restrições. Fatores como o tempo, o escopo e o custo das atividades a serem desenvolvidas podem impactar bastante o desenvolvimento do trabalho. Esses desafios também estão presentes na pesquisa, por isso, é relevante conhecermos alguns conceitos:
a) Escopo: trata-se do que deve ser efetivamente entregue pelos trabalhos desenvolvidos na forma de um serviço, produto, inovação ou resultado. O escopo delimita o que deve ser feito ao longo do ciclo de vida do projeto.
b) Planejamento: neste processo, define-se metas e como elas serão atingidas. Considerações sobre tempo e disponibilidade de recursos precisam ser feitas dentro da realidade em que o projeto está inserido.
c) Gestão de Riscos: em um projeto, nem sempre as coisas ocorrem conforme planejado. Especialmente no início, quando ainda não se conhece tanto daquilo que será desenvolvido, há uma quantidade enorme de incertezas em relação ao cronograma, às atividades, aos custos, dentre vários outros possíveis eventos que podem influenciar positivamente ou negativamente o desenvolvimento do projeto. A gestão de riscos envolve, portanto, os processos voltados para a mitigação dos impactos negativos e a potencialização dos impactos positivos dos riscos em um projeto.
d) Gestão de Partes Interessadas: na gestão de partes interessadas há um cuidado com as pessoas que podem impactar e ser impactadas pelo trabalho. Nesse sentido, é importante analisar a perspectiva e a interação dessas pessoas com o projeto, a fim de garantir que o engajamento delas com o projeto é adequada. A partir do contexto e nível de influência de cada parte interessada, é possível traçar planos de ação e comunicação diferentes para envolver essas pessoas no projeto.
Muitos desses processos envolvem decisões que são também determinantes para o sucesso de uma pesquisa de mestrado. No primeiro ano de estudo, o aluno de pós-graduação revisa a bibliografia disponível e define tema, objetivo geral e objetivos específicos que ajudam a delimitar o escopo da sua pesquisa.
Depois, ele deve planejar como pretende alcançar os resultados pretendidos. Para isso, ele propõe uma metodologia, um cronograma e avalia os recursos que serão necessários para executar essas atividades.
Nessa etapa, é importante levar em consideração os riscos da pesquisa, ou seja, como o desenrolar das atividades planejadas pode ser afetado por eventos incertos que possam ocorrer durante a execução. Por exemplo, nas universidades públicas as compras são feitas por meio de licitações. Portanto, se a pesquisa precisará da compra de insumos por meio de dinheiro público, é necessário levar em consideração não somente o tempo de licitação, mas os riscos de atraso desse processo que não depende do aluno de mestrado.
Em seguida, essas decisões são resumidas em uma proposta que será avaliada por uma banca na etapa de qualificação. Esta banca, assim como o professor orientador e a banca avaliadora da pesquisa ao final do curso são exemplos de partes interessadas da pesquisa.
A gestão dessas partes interessadas, que envolve a identificação (ou escolha, no caso específico do mestrado) de cada um deles, e o engajamento (especialmente do orientador) durante os desenvolvimentos são muito importantes para a maximização das chances de sucesso do projeto.
Por isso, o conhecimento de ferramentas pode ser muito útil para acadêmicos. Aplicativos como Trello e o Excel podem ser muito úteis no seu planejamento. Você pode querer ler sobre o Diagrama de Gantt e utilizá-lo para acompanhar o seu cronograma, identificando tarefas, dependências e marcos críticos da sua pesquisa. Também pode utilizar o Bizagi para criar seus fluxogramas e até mesmo avaliar a utilidade de uma EAP (Estrutura Analítica do Projeto) na apresentação do escopo do seu trabalho para o seu orientador ou banca avaliadora.
Conclusão
O mestrado é uma etapa desafiadora que demanda muita iniciativa e maturidade dos alunos de pós-graduação. Nesse contexto, a aplicação de ideias da gestão de projetos pode ser muito útil para a melhor organização e monitoramento da pesquisa a ser desenvolvida.
As ferramentas de projetos podem ser úteis para melhorar a qualidade do trabalho realizado. Além disso, elas podem facilitar a comunicação e apresentação da pesquisa nas etapas cruciais como a qualificação e a defesa.
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